Mais um novo post: "Os livros e o leitor"

O que os livros fizeram em sua vida? Leia o novo post "Os livros e o leitor" em ABUSCADEMIMMESMO.WORDPRESS.COM e dê a sua opinião!

Abraços,

Novo Post!!!

Confiram em ABUSCADEMIMMESMO.WORDPRESS.COM o texto "AS LEMBRANÇAS E O OCASO".
Belíssimo post. Confiram e comentem!!!

Abraços

Meu mais novo post!

Eis meu mais novo post: "O OLHAR E O QUE SOMOS".

Para conferir este texto bem divertido acesse: ABUSCADEMIMMESMO.WORDPRESS.COM
Comente, dê sua opinião!

Abraços

Pê Sousa

Despedida? Não, só mudanças...

Bem, caríssimos leitores e simpatizantes deste humilde espaço:

Venho informá-los de que estou migrando para um novo endereço:

ABUSCADEMIMMESMO.WORDPRESS.COM

Essa migração será gradual, até que esteja habituado ao ambiente do Wordpress.
O que me levou a esta mudança? Foi a facilidade em acompanhar alguns escritores dos quais sou fã e também para facilitar minha inserção no mundo lítero-bloguês.

Espero contar com sua presença, bem como sua participação, que, com certeza, tem contribuído para amadurecer ainda mais estes sinceros textos, ainda que humildes.

Grato,

Pê Sousa

Tango, paixão e volúpia




A tarde improvável em que Tina conheceu Phil era mais um de seus troféus particulares. Ficava horas deitava na cama enorme, o livro esquecido em seu colo alvo, perdida em devaneios, a reviver, anos antes, o instante exato em que encontrou a paixão.
Não que fosse dessas mulheres noveleiras, que babavam por aqueles beijos cinematográficos, tão mal feitos quanto artificiais. De certa forma, era, sim, romântica. Mas preferia saborear uma paixão quente, que a fizesse dizer coisas tolas e ter o corpo tomado pelo êxtase de um intenso prazer...

Jamais se esqueceria daquela tarde, quando no meio do seu marasmo particular viu aquele homem estranho e atraente adentrando o saguão do hotel, seus passos decididos, o terno alinhado sob os ombros largos, as atitudes elegantes, o olhar seguro.
Tina se remexeu na cadeira, arrumando o cabelo quase escarlate, à espreita de ser notada pelo estranho. Viu-o sentar no banco do bar e pedir uma bebida ao barman, ao tempo em que ele fitava com seus olhos perscrutadores os outros ocupantes do estabelecimento.
Na mesa do canto Tina observava-o, interessada. Quando finalmente seus olhos se encontraram, uma espécie de magnetismo a atingiu, e ela começou a sentir as pernas tremerem um pouco. Sentia-se acuada por aquele olhar negro e intruso, que se repetia de quando em quando. Ela, por sua vez, mexia os cabelos soltos, querendo parecer que o ignorava.
Um tango começou a tocar e o bar do hotel ficou ainda mais envolto numa atmosfera de sedução. Phil bebericava seu whisky e lançava olhares mais demorados para Tina, que já a essa altura não escondia seu interesse.
Uma volúpia crescia naquele pequeno espaço cheio de mistério e possibilidade. Foi quando Phil levantou-se e, decidido, se dirigiu para a mesa onde estava a linda e solitária mulher de cabelos ruivos.
Fizeram amor a noite inteira, banhados pelo luar que se derramava pela janela, e Tina julgou ver luzes encherem seu cérebro a cada vez que o sentia em si. Lá pela madrugada, ainda exausta, Tina deitou seu olhar pelo corpo desnudo de Phil, que ressonava sob o lençol perfumado. Algo a intrigava. Sabia exatamente o que viveram ali naquele quarto de hotel. Lembrava das poucas horas antes, quando Phil sentou-se atrevidamente à sua mesa e lhe disse coisas tão sedutoras quanto indecentes.
Os dois riram alto e quando ela deu por si era tomada pelos braços musculosos de Phil e na língua quente e convidativa que invadiu sua boca.

Agora estava ali, olhando-o longamente. Nunca fizera algo assim antes. Mas bem que fora bom, uma aventura ao som de um tango e com um completo desconhecido. Que loucura! Mas não podia haver uma mistura mais explosiva: tango, paixão e volúpia. Ainda mais num bar de hotel em Buenos Aires.

Muitos anos depois ela se lembraria daquela tarde incomum, quando julgara ter encontrado a paixão.

Continua...

A partida a sós




É sempre a mesma coisa: profusão de pessoas indo para algum lugar bucólico ou retornando à monotonia cinzenta das grandes cidades. Seus caminhos se cruzam por pífios instantes para no instante seguinte se perder para sempre.
Este pensamento detém a mente de Pablo por um segundo: talvez não haja lugar mais solitário que uma estação de trens. Assim como rodoviárias ou aeroportos.
Não importa o tamanho. Tampouco qual seja o dia da semana. Se repete sempre a mesma coisa. Pessoas vão. Outras voltam. Simples. Assim. E este é um pensamento deprimente, o de ir ou voltar. Reporta a relacionamentos que terminaram, a corações partidos e amargurados; faz lembrar que um dia todos se vão. E que sempre alguém terá de ficar. Uma roda viva gigante. E é isso que o mundo é: uma ponte, um itinerário, um destino cravado por letras amarelas e brilhantes em ônibus errantes. O mundo apenas é uma conexão ininterrupta de idas e vindas. Interminável. Perturbadora.

Pablo fita desconsolado abraços de adeus, de até logo. Às vezes de um até breve. Consegue captar uma fímbria de tristeza por aquele que vai e deixa o outro. E há também aqueles que contagiam com lágrimas os últimos momentos junto aos seus. É assim a vida. Uma macabra conexão de idas e vindas. Assim como amamos e odiamos; como queremos e não mais; como nascemos e partimos.

Pablo sacode a cabeça, num gesto de rejeição àquele pensamento solitário. E é assim que se sente. Olhando ao redor, de certa forma, inveja-os. Ninguém está ali para se despedir dele. Talvez seja até bom assim. Mas é melhor ir andando. O trem já apitou furiosamente e me avisa que chegou a hora de partir.

Vida e sonho






“If you want me,
Satisfy me...”



A voz pungente e arrebatadora de Markèta Irglova enche os meus pensamentos. A música que agora toca, If you want me, de repente se expande assustadoramente, muito além da casa vazia e de mim. E é exatamente no centro do meu peito que ela vai se convergindo, como se um imenso cateter fosse introduzido nas minhas entranhas, sem anestesia alguma. E então, apenas dor e incerteza.
Como num sonho improvável, imagino como seria se Ela tivesse aceitado o meu amor e meu mundo. Tento imaginar algo muito díspar daquilo que foi vivido naquela noite de inverno, quando a pequena lâmpada se apagou, para sempre. Talvez, naquela noite antiga do passado, eu tivesse ido para a cama não com o imenso vazio e a indelével sensação de não ter tentado, e assim, desperdiçado a oportunidade de ser feliz. Ao invés, sorrindo para o teto escuro, revendo cada palavra dita e o que se seguiu depois: o coração pulsando freneticamente sob o abraço apertado; os meus olhos apaixonados, perdidos na luminescência clara e calma dos dela; o beijo quimericamente ensaiado e poeticamente sentido.
Markèta encanta minha solidão noctívaga e me faz lembrar que não foi assim como eu quis que fosse. Na letra, ela diz: “I wonder if you could ever despise me, when you know I really try, to be a better one to satisfy you”. Algo como: “gostaria de saber se você irá sempre me desprezar, quando você souber que eu realmente tentei ser o melhor para satisfazer você”. E é exatamente esse trecho que me atormenta. Pois fiz tudo para ser o melhor para Ela, estando disposto a ser maior que meus próprios sonhos. Achei que construiria um amor que fosse maior que o próprio destino, que a satisfaria, e que, por fim, estaríamos ligados por este sentimento que nascera do improvável, do acaso. E o que restara? Apenas a sua ingratidão e desprezo.
Fabio Hernandez, um escritor menos barato do que eu, escrevera que o sonho somente será belo e mágico enquanto se mantiver irrealizado. No exato instante em que se tornar real, tangível, perderá sua essência quimérica, sua pureza onírica. Talvez porque não resistiriam à crueza e frugalidade da vida cotidiana. Talvez porque vidas baratas como a minha necessitem de um par de sonhos não realizados para terem uma razão em continuar...
É como se eu pudesse ouvir Markèta me dizendo: “Pablo, você tentou fazer o melhor, mas sonhar e viver são coisas absolutamente diferentes.” Ainda que não queira, tenho a impressão de que ela tem razão.
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