O bilhete do amor




Ao chegar, Pablo encontrou o bilhete debaixo de sua carteira. Ficou vermelho, olhou para os lados, não mostrou pra ninguém.
Durante a aula, deu um jeito de acomodá-lo no meio do livro de Geografia, e, enquanto fingia prestar atenção nos mapas da página que a professora havia citado, pôde ler seu conteúdo, escrito com uma caligrafia redondinha. Trazia uma mensagem de carinho e um convite: um encontro na pracinha, às cinco da tarde, se ele quisesse namorar de verdade.
Ângela era bonitinha, ele queria. Então pensou em como responder. No intervalo, cerrado no banheiro, escreveu uma mensagem, confirmando o encontro.
Quando ela chegou, a resposta a esperava debaixo de sua carteira. Pablo olhou para trás, para as últimas carteiras buscando algo. Ângela sorria, confirmando. Pablo sorriu também, feliz. Não se conteve e olhou outras vezes, sempre recebendo de volta o olhar de Ângela, que sorria para ele.
Uma euforia começou a invadi-lo, e Pablo sentia uma alegria diferente, ao tempo que experimentava o êxtase daquele segredo, apenas dele e da garota de cabelos claros que o queria. Uma ternura começou a crescer entre eles; de repente aquela sala cheia de alunos concentrados ficou pequena diante o tamanho de sua felicidade. Ele teria um encontro, sim, um encontro de verdade. Olhou ainda muitas vezes para trás, tanto que a professora chamou sua atenção, para que prestasse atenção na aula.
A professora explicava num mapa as regiões da Terra, tema de uma pesquisa, mas seu pensamento vagava por outros lugares, desconhecidos, e, mais precisamente na promessa do amor de Ângela.
Naquela tarde, enquanto seus colegas estariam empenhados no trabalho sobre a geografia dos continentes, Pablo experimentaria algo novo, bem diferente do que vivera até então, e duvidava que algum dos seus amigos fosse capaz de entender isso.

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