Livros que não falam de saudade




Eles estavam por toda a parte. Espalhados pelo chão numa desordem desvairada. Entre eles estava eu, mas muito além daquela realidade. Às tardes ficava assim, horas e horas ao sabor das páginas dos muitos livros que me levavam por reinos distantes, aventuras ímpares e conspirações mortais. Cada livro o qual devorei, ao sabor da brisa morna que levava para longe o calor e a saudade de um tempo que não volta mais...
Mas nem sempre eu ficava só nessa empreitada por mundos fantásticos. Logo Alberto (na época um leitor em potencial) se unia a mim e ambos nos perdíamos nas páginas saudosas do Quase Memória, de Cony, ou me divertia com as trapalhadas de D'artagnam em Os Três Mosqueteiros.
Muitos anos depois, passando aqueles dias e a velha casa dos meus idílios, uma súbita consternação banha os meus olhos cansados das tantas páginas que li e reli. Uma saudade que vai além, eu sei. Saudade de um tempo onde podíamos divagar sobre os mistérios da vida, eu e meu companheiro Alberto, então aspirante a sábio do interior. Tempo onde a vida não se resumia somente em efemeridades como a TV, que une pessoas e ao mesmo tempo as torna estranhas. Tempo onde era muito bom mesmo ficar à roda de amigos, conversando sobre tudo que vinha à baila, e apreciando uma boa e fumegante xícara de café forte. Tempo onde rimos à-toa ou choramos pelos amores perdidos ou negados...
As páginas que nos envolveram nas tardes morenas do nosso sertão só não nos ensinou a conviver com a saudade, essa que agora invade minhas lembranças eternas...
2 Responses
  1. Gutor Says:

    A velha "new house" realmente nos trouxe momentos preciosos..
    Que hoje são lembrados nestes nossos blogs.
    É bom mesmo termos coisas boas para lembrar!
    Valeu véi!



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