Flores mortas em mim




Flores mortas pintam o chão,

um escarlate mortal que tinge a tarde sem fim.

Folhas se perdem com o vento noturnal,

eternizam a passagem do tempo,

e são levadas pelo canto das estrelas brilhantes.

O velho jardim de flores mortas

que beira os quintais, que acolhe os forasteiros,

não traz poesia nas noites sem violão,

não faz de mim poeta ou cantor.

As eiras se perdem por sonhos algures,

mas o jardim tem seu espaço limitado

pelo claustro da solidão,

e então tudo ficou para trás.

Se tenho um jardim? Se ouso pisar-lhes

suas folhas mortas?

E de repente me vejo sangrando,

e suspiro a dor das folhas que caem

puro sangue que escoa, que banha a terra sedenta.

O jardim, de escarlate cor, de dor carmim.
2 Responses
  1. Gutor Says:

    Muito F... esse poema!
    Eu num costumo analisar poemas, apenas tento sentir as emoções que suas palavras dizem ou parecem dizer... E esse poema realmente tocou-me...

    Falou véi


  2. Fábio Ronne Says:

    Adjetivá-lo é tarefa difícil. O texto está simplesmente marcante e em letras garrafaes de sangue.
    Ótimo!


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