Divagação




A manhã começa cinzenta, os pingos de chuva trazendo uma sensação ainda mais plangente de saudade. Pela janela entreaberta o tempo fechado me convida para fitar tua ausência, cada vez mais significativa. Começo a pensar no que você está fazendo neste momento em que quero apenas estar contigo...
Poucos dias atrás, as manhãs tinham um tom diferente. Ao acordar, eu não via o cinza que agora contemplo; por mais frio que estivesse, meu dia começava incendiado pela perspectiva do nosso encontro iminente. Você estava onde sempre esteve, a esperar minha chegada, também como eu, sôfrega pelos minutos que teimavam em nos separar. Aqueles dias eram totalmente nossos, neles construíamos nosso amor, projetávamos nossos ideais ao futuro logo à frente; como era bom estar com minha amada...
Mas agora o que posso fazer? Ficar sozinho, os olhos fitos na expectativa do reencontro, na angustiante espera do retorno ao lar e à minha mais que querida. Resta-me como a um ilhéu resignar-me pelo momento da ajuda, da salvação vinda de algum navio fortuito. Até lá eu me perco nas mais profundas águas da saudade. Nelas meu corpo flutua sôfrego do afago querido, ansioso pelo teu toque mágico, única esperança neste mar de desesperanças. Teu amor serve-me como salva-vidas, instrumento eficaz em manter a vida, o ar e a plenitude de tua presença...
Blog Widget by LinkWithin