A dor de partir




Sozinho, as lágrimas afloram. São lágrimas tristes, demasiadamente tristes. Mas também lágrimas covardes. Quem dera se eu as pudesse expor à minha amada, que fica...
Para trás ficam os dias cheios de sua presença, Dostet. Rapidamente o carro se afasta da cidade querida e da minha eterna amada. Eu parto para um lugar hostil, onde não terei os seus beijos de bom-dia, nem seus abraços apaixonados, nem seus olhos queridos. Agora, eu parto.
Minhas lágrimas teimosas me banham a face. O coração se aperta no peito e parece que jamais. Tantas palavras poderiam ser ditas. Ou, talvez não. Apertei a cara contra o vidro da janela do carro para mais uma vez te ver. Então acenávamos um ao outro, um dia talvez. E em algum ponto eu não te vejo mais; e aí começa o meu suplício, pois a imagem que levo de você, Dostet, é para noites solitárias, e não para partidas. Por isso as lágrimas. Por isso essa dor que levo no peito.
A paisagem passa ligeiro pela janela do carro. Uma imagem feia e borrada. A distância entre nós fica maior, a despeito do teu rosto tão dentro de mim. E o que posso fazer? Chorar...
Mas não te culpo. Não há culpados. Ou será que há? Ou será que sou eu? Sim, talvez. Réu confesso, eu me tornei, e por isso preso fui ao teu coração. Minhas lembranças não são mais minhas, mas nossas; e agora sou parte tua, sou teu, Dostet. Então sou culpado sim! Se hoje sofremos esta separação foi por ter ousado invadir sua vida. Mas de invasor, passei a ser amante e amado, e o teu amor foi tudo para o meu nada! E agora sou agora o sou. E por isso eu te amo...



18/01/2009
09:37 am
quando parti e deixei quem sempre amei...
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