Um afago de solidão




Tudo o que menos quis foi que partisse. Na verdade, há muito eu me acostumara a te contemplar, assim, como um menino absorto pelo novo brinquedo que veio colorir as tardes infantis do passado.
Você partiu numa hora inprópria, me deixou exposto na minha vaga e dura solidão. Eu que tanto me habituara à tua companhia, ao teu cheiro de mulher, à verdade da tua existência...
Por fim, partiste. Meu coração de quase poeta range na dor trazida por tua ausência. Jamais contemplarei de novo as flores a que tanto estimara, o frescor da brisa morna que desvencilhava teus cabelos ou o cuidado com que tratavas os nossos mais ternos sonhos! Desisti de tudo isso, perdido na imensidão dos meus sonhos destruídos...
O que resta então? Resta a firme lembrança da felicidade que encheu os nossos dias; resta o túmido contato de nossos lábios em mais um beijo de amor. Resta, sim, uma certeza, ainda que vaga, de quando fomos um único ser misturado nesses corpos que ora nos dividia... Resta, querida, a hora derradeira, quando de mim tu te apartaste, e então eu vi o vazio se alastrar por toda a minha memória. Resta apenas "cinza, pó, nada".
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