Homens- ilha




Alguém uma vez disse que o homem é uma ilha. Na época, então na tenra idade, comecei a acreditar que sim, que eu era uma ilha, solitária e distante do continente, não por questões geográficas, mas simplesmente por opção mesmo.
Gostava de me sentir assim, distante no meu "oceano" próprio, livre da opinião terceira, livre para viver minhas mais profundas idiossincrasias...
Também nessa época foi que curti um vazio indissolúvel, e eu me perguntava o porquê de sentir uma insatisfação pelo modus vivendi ao qual escolhi. Todas as noites era assim: eu sozinho na casa ampla, vazia, cheia de sombras, eu mesmo uma delas, diluído no meu mar de contradições. Ao longe, uma vaga lembrança de quando eu era parte de um pequeno continente, estava cerceado pela presença do passado nem tão antigo assim, ele ameaça devorar-me, deglutir-me, forçar-me ao retorno doloroso dos dias antigos que não voltam mais...
Despertando deste meu torpor elegíaco, percebi que ainda havia um pequeno istmo que me ligava à alegria, à lembrança boa, ao amor. Percebi, afinal, que não somos ilha alguma, a menos que queiramos nos sentir assim. Mas, um dia toda ilha retorna ao seu continente, todo torpor se esvai, toda realidade se estabelece, e, então nos redescobrimos, como assim comigo se deu.
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